Morre Jair Rodrigues - COBERTURA COMPLETA








Publicado em 08.05.2014
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Enterro aconteceu no Cemitério Gethsêmani, no Morumbi.
Conhecido por 'Disparada' e 'Deixa isso pra lá', ele morreu nesta quinta.

O corpo de Jair Rodrigues foi enterrado nesta sexta-feira (9) no Cemitério Gethsêmani, no Morumbi, em São Paulo, por volta de 12h30. Todos bateram palmas e aplaudiram, ao som de músicas de Jair, cantadas por um coral. Amparada pela nora Tania Khalill, a viúva Clodine Mello chorou bastante no final da cerimônia.


arte cronologia Jair Rodrigues (Foto: Arte G1)


Começo nos anos 60
Jair Rodrigues de Oliveira nasceu em Igarapava (SP), em 6 de fevereiro de 1939. Pai dos também cantores Jair de Oliveira e Luciana Mello, ele começou sua carreira nos anos 1960, em programas de calouros. Três anos antes, foi crooner em casas no interior de São Paulo.

O primeiro LP é "Vou de samba com você" (1964), que tinha "Deixa isso pra lá". A canção fez Jair ser considerado pioneiro do rap no Brasil. Com versos mais falados do que cantados, a música, originalmente um samba, ganhou popularidade também graças à coreografia feita com as mãos. Em 1999, foi gravada em parceria com o grupo Camorra.

O registro de estreia do cantor, no entanto, é de 1962. Trata-se de um disco de 78 rotações com as canções "Brasil sensacional" e "Marechal da vitória", que tinham como tema a Copa do Mundo daquele ano, no Chile, vencida pela seleção brasileira.

Jair Rodrigues também ficou conhecido pelo trabalho ao lado de Elis Regina. Os dois iniciaram a parceria em 1965 e lançaram o disco ao vivo "Dois na bossa". A boa repercussão do LP rendeu o convite para apresentar o programa O Fino da Bossa, que estreou em maio daquele ano na TV Record. Com Elis, o cantor lançou em 1966 e 1967 outros dois volumes da série "Dois na bossa".

A vitória no II Festival de Música Popular Brasileira, em 1966, foi outro ponto marcante da trajetória de Jair Rodrigues. Ele concorreu com "Disparada", escrita por Geraldo Vandré e Teo de Barros. Na final, dividiu o primeiro lugar com "A banda", composição de Chico Buarque interpretada na ocasião por Nara Leão.

No IV Festival de Música Popular Brasileira, em 1968, Jair Rodrigues também se destacou. Com "A família", de Chico Anysio e Ari Toledo, ficou em terceiro lugar segundo o júri popular.

Já na década seguinte, o cantor dedicou-se mais intensamente ao samba. Em 1971, saiu o LP "Festa para um rei negro". Uma das canções era o samba-enredo que deu título ao trabalho, defendido pela escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. A música era conhecida pelo refrão "Ô lê lê, ô lá lá/ pega no ganzê/ pega no ganzá".

Outros álbuns do período são "Orgulho de um sambista", "Ao vivo no Olympia de Paris", "Eu sou o samba", "Estou com o samba e não abro" e "Couro comendo" (1979). Durante esse período, o cantor se tornou pai. Em 1975, nasceu seu filho Jair Oliveira, o Jairzinho, estrela do grupo infantil Balão Mágico e depois passou a cantar MPB. Quatro anos depois, nasceu Luciana Mello. Influenciada pelo pai e pelo irmão, também seguiu a carreira musical. Jair deixa os filhos e a mulher, Clodine.

Na década de 1980, vieram álbuns de temática mais popular e por vezes romântica, caso de "Estou lhe devendo um sorriso", "Alegria de um povo", "Jair Rodrigues de Oliveira" e "Carinhoso". Na década de 1990, houve uma predileção pela música sertaneja e caipira e por uma revisão de gêneros desde o seu início como artista.

Os nomes dos discos do período são autoexplicativos: "Lamento sertanejo", "Viva meu samba", "Eu sou… Jair Rodrigues", "De todas as bossas" e "500 anos de folia – 100% ao vivo". Em 2012, participou de eventos que lembraram os 30 anos de morte da cantora e antiga parceira. Nos últimos anos, Jair Rodrigues seguia na ativa em projetos com os filhos, em discos lançados por ele e também ao participar de homenagens para Elis Regina.

Ele seguia em turnê para divulgar seu disco mais recente, "Samba mesmo", que teve dois volumes lançados em março deste ano. Jair tinha apresentações marcadas para os próximos dias em Florianópolis e Contagem (MG). O cantor se despediu dos palcos e da música na última terça-feira (6) durante uma apresentação no Hotel Guanabara, em São Lourenço (MG). Segundo o organizador do show, Daniel Moura, Jair cantou e dançou por mais de uma hora demonstrando a típica alegria e vitalidade.

Ele plantou bananeira no palco e fez uma homenagem para Elis Regina. Segundo Moura, antes de "Romaria", conversava com a cantora como se ela estivesse no palco: "Olha Pimentinha, manda um abraço para São Pedro porque eu não estou com pressa".



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